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O alferes, ao que tudo indica, não deve ter implantado no local instalações de fazenda de cana (engenho, casa-sede, senzalas, etc.), porém é possível que estas terras já estivessem cultivadas por esta época, voltadas principalmente ao plantio de cana (como capuava, talvez), aforadas por terceiros ou, ainda, como lavoura do próprio alferes para fabrico de açúcar e aguardente.
 
O alferes, ao que tudo indica, não deve ter implantado no local instalações de fazenda de cana (engenho, casa-sede, senzalas, etc.), porém é possível que estas terras já estivessem cultivadas por esta época, voltadas principalmente ao plantio de cana (como capuava, talvez), aforadas por terceiros ou, ainda, como lavoura do próprio alferes para fabrico de açúcar e aguardente.
  
A iniciativa de implantação de moradas, bem como de instalações anexas, deve ter partido de alguns de seus filhos, ocorrendo após a partilha das terras do falecido pai. Deduz-se isto pela leitura dos Registros Paroquiais de Terras de Porto Feliz de 1854/57, onde alguns de seus herdeiros registraram suas terras naquela região, afirmando tê-las obtido por meio de herança1.
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A iniciativa de implantação de moradas, bem como de instalações anexas, deve ter partido de alguns de seus filhos, ocorrendo após a partilha das terras do falecido pai. Deduz-se isto pela leitura dos Registros Paroquiais de Terras de Porto Feliz de 1854/57, onde alguns de seus herdeiros registraram suas terras naquela região, afirmando tê-las obtido por meio de herança (1).
  
 
Um desses registros é o de Antônio de Arruda Leite, um de seus filhos, que teria implantado a fazenda Santo Antônio de Entre Rios, objeto desse artigo, por volta de 1850, devendo a sede ser um pouco posterior. O produto inicial teria sido o açúcar e, depois, o café. Antônio, também conhecido pela alcunha jocosa de "o Quebra-Panelas" (2), teve três casamentos e enorme geração (3), havendo inúmeros descendentes espalhados pela região de Laranjal.  
 
Um desses registros é o de Antônio de Arruda Leite, um de seus filhos, que teria implantado a fazenda Santo Antônio de Entre Rios, objeto desse artigo, por volta de 1850, devendo a sede ser um pouco posterior. O produto inicial teria sido o açúcar e, depois, o café. Antônio, também conhecido pela alcunha jocosa de "o Quebra-Panelas" (2), teve três casamentos e enorme geração (3), havendo inúmeros descendentes espalhados pela região de Laranjal.  

Edição das 23h06min de 21 de outubro de 2022

Fazenda de Entre Rios (Santo Antônio de Entre Rios)

Histórico

As terras que hoje compreendem boa parte da região dos bairros Glória e Entre Rios pertenciam nas primeiras décadas do século XIX ao alferes José de Arruda Leite (1), que provavelmente as obteve por compra.

O alferes, ao que tudo indica, não deve ter implantado no local instalações de fazenda de cana (engenho, casa-sede, senzalas, etc.), porém é possível que estas terras já estivessem cultivadas por esta época, voltadas principalmente ao plantio de cana (como capuava, talvez), aforadas por terceiros ou, ainda, como lavoura do próprio alferes para fabrico de açúcar e aguardente.

A iniciativa de implantação de moradas, bem como de instalações anexas, deve ter partido de alguns de seus filhos, ocorrendo após a partilha das terras do falecido pai. Deduz-se isto pela leitura dos Registros Paroquiais de Terras de Porto Feliz de 1854/57, onde alguns de seus herdeiros registraram suas terras naquela região, afirmando tê-las obtido por meio de herança (1).

Um desses registros é o de Antônio de Arruda Leite, um de seus filhos, que teria implantado a fazenda Santo Antônio de Entre Rios, objeto desse artigo, por volta de 1850, devendo a sede ser um pouco posterior. O produto inicial teria sido o açúcar e, depois, o café. Antônio, também conhecido pela alcunha jocosa de "o Quebra-Panelas" (2), teve três casamentos e enorme geração (3), havendo inúmeros descendentes espalhados pela região de Laranjal.

Uma de suas filhas foi Dona Maria da Glória de Arruda Campos, a Nhá Glória, que teria assumido a fazenda na última década do século XIX (4), perpetuando seu nome naquela região, já que, pelo uso popular e frequente da expressão bairro de Nhá Glória por seus vizinhos, em designação às residências e terras vicinais à sua fazenda, é que surge o bairro Glória, constante até hoje dos mapas.

Tempos mais tarde, após se mudar para São Paulo, Nhá Glória teria vendido a fazenda a João Baddo, imigrante italiano que, segundo relatos, optou pela demolição da casa sede e todos os anexos. Há relatos, ainda, de que a propriedade teria sido arrematada em leilão (hasta pública) em vez de simples compra, faltando elementos mais positivos neste sentido.

Hoje, com área bastante reduzida devido a vendas e partilhas e desprovido de edificações, o sítio em que a casa sede fora implantada pertence à família Baddo, cujo representante mais conhecido é o ex-vice-prefeito e ex-vereador João Batista Baddo Júnior, popular Badinho, bisneto de João Baddo.

Visita ao local

Nos dias 10 e 12 de outubro de 2021, tivemos ocasião de comparecer ao local onde esta fazenda fora primitivamente implantada. Percorremos as imediações da provável casa sede e anexos (todos já demolidos e quase sem vestígios) a fim de executar uma pesquisa de campo, visando localizar vestígios, identificar a provável estrutura da antiga fazenda e confirmar ou refutar teorias.

Apesar de quase totalmente descaracterizada, o local ainda conserva algumas características que remontam à época do funcionamento da fazenda. Foi-nos possível identificar a servidão que dava acesso à propriedade, bem como a provável localização da casa-sede, que hoje se resume a um aglomerado de árvores de médio e grande porte, que formam uma composição de contornos retangulares, quando visto por imagem de satélite.

Também foram localizados o provável açude que abasteceria as instalações e o curso d’água que se dirigia à sede por gravidade, conforme relatos do atual proprietário.

Nos arredores da casa sede foram encontrados objetos vários com datação compatível com o período compreendido entre o fim do século XIX e início do século XX, abaixo elencados:

a-) uma parte (caco de vidro) de uma garrafa do molho inglês Worcestershire sauce da antiga marca inglesa Lea & Perrins, até hoje fabricado;

b-) diversas partes (cacos) de louça (porcelanas importadas - inglesa e holandesa) do fim do século XIX;

c-) uma chave metálica, bastante deteriorada, de tamanho relativamente grande, compatível com uma chave de senzala;

d-) objetos metálicos diversos sem identificação e partes de recipientes de vidro semelhantes a frascos perfumes e garrafas de vinho, possivelmente antigos e importados, e

e-) pedaços de materiais cerâmicos diversos, compatíveis com antigos utensílios domésticos (panelas e recipientes de barro), necessitando, neste caso, melhor análise.

De acordo com o atual proprietário e seu vizinho (de propriedade), a casa sede seria uma construção imponente, localizada no topo de um barranco, à margem esquerda do Tietê, possuindo mais de 20 janelas e fora demolida juntamente com os anexos pelo bisavô do atual proprietário.

Os relatos fazem referência, ainda, ao já mencionado sistema de abastecimento e adução hídrica da propriedade, bastante nítido, e a provável localização das senzalas, hoje sem vestígios.

Fontes Bibliográficas

1 – Registros Paroquiais de Terras de Pirapora – 1854-1857, Arquivo Público do Estado de São Paulo;

2- Livro “Tietê – Terra dos Apelidos. Sua História, Sua Gente e Suas Coisas.” – Euclydes Camargo Madeira;

3- Site https://avosidade.com.br/geracoes/voce-e-um-quebra-panelas/; e

4 - Jornal “Correio Paulistano, 15/09/1950”. Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional.