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De Atlas de Laranjal Paulista
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Nos mesmos Registros Paroquiais, a partir da leitura do registro de número 149, de Salvador Moreira de Moraes (7), cujas terras estariam situadas atualmente no bairro Entre Rios (arredores da capela de São Judas Tadeu), verifica-se que a estrada primitiva de acesso a essa fazenda passava nas imediações desse bairro.  
 
Nos mesmos Registros Paroquiais, a partir da leitura do registro de número 149, de Salvador Moreira de Moraes (7), cujas terras estariam situadas atualmente no bairro Entre Rios (arredores da capela de São Judas Tadeu), verifica-se que a estrada primitiva de acesso a essa fazenda passava nas imediações desse bairro.  
  
Salvador Moreira, ao citar as dimensões de sua propriedade, localizada à margem direita do rio Sorocaba, assim declara: "''(...) um sitio de terras lavradias no bairro denominado - rio de Sorocaba - contendo tresentas braças de testada e os fundos ignora-se '''aproximando a estrada velha do Tenente Joaquim de Almeida Leite'''..''". (7)
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Salvador Moreira, ao citar as dimensões de sua propriedade, localizada à margem direita do rio Sorocaba, assim declara: "''(...) um sitio de terras lavradias no bairro denominado - rio de Sorocaba - contendo tresentas braças de testada e os fundos ignora-se '''aproximando-se a estrada velha do Tenente Joaquim de Almeida Leite'''..''". (7)
  
 
Por essas informações, é possível deduzir, portanto, que essa estrada, partindo da então Freguesia de Pirapora, passava pelo atual sítio urbano de Jumirim, rumava à direita, passando pelo atual bairro Bossoroca, pelos espigões, chegando nas proximidades da dita capela e, mais adiante, atravessava o rio Sorocaba, a buscar o bairro Morro Vermelho atual.
 
Por essas informações, é possível deduzir, portanto, que essa estrada, partindo da então Freguesia de Pirapora, passava pelo atual sítio urbano de Jumirim, rumava à direita, passando pelo atual bairro Bossoroca, pelos espigões, chegando nas proximidades da dita capela e, mais adiante, atravessava o rio Sorocaba, a buscar o bairro Morro Vermelho atual.

Edição das 17h02min de 20 de novembro de 2022

Fazenda Três Carolinas (antiga Fazenda Palmeiras)

A Fazenda Três Carolinas, originalmente Fazenda Palmeiras (1), foi uma fazenda inicialmente de cana, depois café, implantada em meados do século XIX pelo Tenente Joaquim de Almeida Leite Moraes (em 1827, segundo Almeida Moraes [1]). Sua sede situava-se à margem esquerda do rio Tietê, no então bairro do Ribeirão da Onça (1), hoje bairro Três Carolinas, atual Município de Laranjal Paulista.

Histórico

O Capitão Manoel José Leite de Moraes e seu irmão, Capitão Joaquim Correia Leite de Moraes, já possuidores de terras por essas redondezas (2), obtiveram no início do século XIX, por meio de carta de sesmaria, uma área considerável de terras (3), que perfazem boa parte do atual território de Laranjal Paulista. Nessa sesmaria estava compreendida, por exemplo, a região dos atuais bairros Itapuá, Três Carolinas, Barra, Morro Vermelho, Barro Preto, entre outros. (4)

Ao que tudo indica, esses sesmeiros utilizavam tais terras como uma espécie de reserva futura ou como capuava. Depreende-se isso da leitura dos seus respectivos registros no Inventário de Bens Rústicos de Porto Feliz, datados do ano de 1818. (2)

A iniciativa de implantação da fazenda foi, conforme mencionado, do Tenente Joaquim de Almeida Leite Moraes, que era filho do Capitão Manoel José Leite de Moraes (1), utilizando parte da sesmaria do pai.

Segundo Almeida Moraes (1), o Tenente Joaquim casou-se em 1827 com sua prima Carolina Correa de Moraes, filha do Coronel Francisco Correa de Moraes Leite, tendo incorporado terras além rio Tietê (margem direita, atual bairro Viracopos) para ampliar a área da fazenda. Pode-se concluir, então, que o tenente deve ter utilizado parte das terras do sogro (seu tio, Cel. Francisco Correa de Moraes Leite), visto que o Coronel recebera sesmaria na margem direita do rio. (5)

Essa informação permite compreender a estratégia do tenente em implantar a sede de sua fazenda à margem esquerda do rio Tietê, já quase na foz do ribeirão da Onça, mais distante, portanto, da margem esquerda do rio Sorocaba, contrariando a lógica do avanço da fronteira econômica.

Sua intenção foi, provavelmente, implantar a sede da fazenda o mais próximo possível das terras de seu sogro (que passariam a ser suas por ocasião de seu matrimônio), mas com a sede incluída na parte da sesmaria de seu pai, de modo a ficar entre as duas porções de terras (aquém e além do rio Tietê).

Quando do Lançamento do Imposto de Capitação na Freguesia da SS. Trindade, em 1836, a propriedade do Tenente Joaquim aparece arrolada no 6º Quarteirão, com 23 pessoas maiores de 10 anos lá residindo. (6) O número relativamente alto de pessoas residindo na propriedade permite concluir que o plantel de escravos e, consequentemente, a capacidade produtiva da fazenda já eram consideráveis, o que evidencia a consolidação da fazenda como um importante engenho por essa época.

No ano de 1853, o Tenente Joaquim aparece ainda como Senhor de Engenho na Relação das Fábricas de Açúcar Existentes em Pirapora, que seria enviada ao Governo Provincial pela Câmara Municipal da Vila de Pirapora. (6)

Joaquim faleceu em 29 de junho de 1854 (1), meses antes da elaboração dos Registros Paroquiais de Terras de Pirapora de 1854/1857. Com seu falecimento, quem aparece declarando suas propriedades (registros de números 35 e 36) nos referidos Registros Paroquiais, é seu filho, o Alferes José Correa Leite de Moraes, como tutor, inclusive, de seus irmãos menores, e com as terras ainda não partilhadas. (7)

Nos mesmos Registros Paroquiais, a partir da leitura do registro de número 149, de Salvador Moreira de Moraes (7), cujas terras estariam situadas atualmente no bairro Entre Rios (arredores da capela de São Judas Tadeu), verifica-se que a estrada primitiva de acesso a essa fazenda passava nas imediações desse bairro.

Salvador Moreira, ao citar as dimensões de sua propriedade, localizada à margem direita do rio Sorocaba, assim declara: "(...) um sitio de terras lavradias no bairro denominado - rio de Sorocaba - contendo tresentas braças de testada e os fundos ignora-se aproximando-se a estrada velha do Tenente Joaquim de Almeida Leite..". (7)

Por essas informações, é possível deduzir, portanto, que essa estrada, partindo da então Freguesia de Pirapora, passava pelo atual sítio urbano de Jumirim, rumava à direita, passando pelo atual bairro Bossoroca, pelos espigões, chegando nas proximidades da dita capela e, mais adiante, atravessava o rio Sorocaba, a buscar o bairro Morro Vermelho atual.

Isso contraria o senso comum, que considera que, para acessar essa fazenda, seria necessário cruzar em algum ponto o ribeirão do Laranjal, conhecido popularmente pelo suposto (e não confirmado) pouso de tropeiros. Documentos cartográficos, apesar de bastante precários e passíveis de erros, parecem confirmar que, de fato, havia uma estrada que cruzava o Sorocaba mais ao norte, próximo, portanto, de sua foz.

Após o falecimento do tenente Joaquim, seu filho, o Alferes José Correa Leite de Moraes, assumiu a direção dos negócios e a administração da fazenda, cuidando do inventário (1). Feita a partilha, recebeu, por herança, uma parte da fazenda Palmeiras, à margem esquerda do Tietê, com a inclusão da sede, de que formou a sua fazenda. (1)

Outro filho do Tenente, Salvador Correa de Almeida Moraes, quando da partilha, teve como tutor seu já mencionado irmão, o Alferes José Correa Leite de Moraes, de quem mais tarde se tornaria genro (1). Salvador, tendo herdado também parte das terras da antiga fazenda Palmeiras, formou mais tarde, um pouco mais ao sul da primeira, sua fazenda denominada “Morrinho”, em terras revestidas de densas matas. (1)

A fazenda Palmeiras, com área já bastante reduzida devido à partilha, e então pertencente ao Alferes José Correa Leite de Moraes, foi permutada por outra, de propriedade do Dr. Joaquim Mariano de Almeida Moraes, localizada no bairro Sapopemba. (1)

Dr. Joaquim Mariano de Almeida Moraes, que era sobrinho do primeiro proprietário da fazenda, o Tenente Joaquim de Almeida Leite Moraes (8), passou, portanto, a ser o novo dono dessa parte restante da fazenda Palmeiras, à qual deu o nome de “Três Carolinas”, em homenagem a três mulheres de sua família cujos nomes eram Carolina: 1ª: sua tia (e primeira esposa do fundador da fazenda) Carolina Correa de Moraes; 2ª: sua irmã (e esposa do seu permutante, seu primo, o Alferes José Correa Leite de Moraes) Carolina Miquelina de Moraes; e 3ª: sua própria mulher Carolina Dias de Aguiar (8).

Dr. Joaquim Mariano, ao que tudo indica, permaneceu como dono da fazenda até o início do século XX, delegando, talvez, a administração da fazenda aos filhos. Com seu falecimento em 1903 (8), é provável que tenha ocorrido nova partilha, com possível venda.

A fazenda aparece assinalada em mapas até meados da década de 1950, indicando que seus possíveis novos donos continuaram desenvolvendo atividades agrícolas até aproximadamente essa época. Não é possível precisar em que ano, exatamente, sua casa-sede foi demolida, porém, seu não aparecimento em documentos cartográficos a partir da década de 1960 indica que, já nesse período, provavelmente, a casa-sede não mais existia.

Em muitos mapas produzidos a partir de 1960 aparece assinalado o bairro rural Três Carolinas, numa clara menção à região geográfica onde a fazenda se situava, o que ajuda a compreender a origem toponímica do local. Mesmo em mapas mais recentes, essa informação ainda aparece, indicando a consolidação e o uso regular desse topônimo até os dias atuais.

O local na atualidade

Em visita recente ao local, nada de relevante, para fins históricos, pôde ser encontrado ou identificado. Nem mesmo a localização exata da casa-sede, seus anexos e sistema de adução puderam ser reconhecidos.

Nos arredores da provável casa-sede, atualmente, além de córregos e algumas áreas de pastagens e matas, existem apenas um pequeno rancho de lazer à beira do rio Tietê e a provável estrada que dava acesso à casa-sede da fazenda, ainda transitável.

Os córregos, que são pequenos, fluem para o Tietê. Um deles, provavelmente, devia ser represado para o abastecimento hídrico da fazenda. A vegetação ciliar nos arredores do Tietê, bem como nos demais cursos d'água está bastante adensada, o que contribuiu substancialmente para a descaracterização do local, impedindo a compreensão do primitivo funcionamento da fazenda.

Referências

(1) Revista "Biblioteca Genealógica Brasileira - Volume 9: Livro Família Paulista - Livro de Família - Volume 1º" - Esaú Correa de Almeida Moraes;

(2) Inventário de Bens Rústicos de Porto Feliz - 1818 - APESP;

(3) Livro de registro de alvarás, apostilas, cartas patentes, cartas régias, cartas de sesmarias, certidões e provisões (Livro nº 41) - APESP;

(4) Auto de Medição e Demarcação da sesmaria concedida ao Capitão Manoel José Leite de Moraes e ao Capitão Joaquim Correa Leite de Moraes - Desenho da Área - Museu Republicano Convenção de Itu;

(5) Livro "Repertorio das Sesmarias: concedidas pelos Capitães Generais da Capitania de São Paulo desde 1721 até 1821/organisado pela Secção Histórica do Departamento do Arquivo do Estado"

(6) Livro "Cronologia Tieteense" - Benedicto Pires de Almeida;

(7) Registros Paroquiais de Terras de Pirapora 1854-1857 - APESP; e

(8) Revista "Biblioteca Genealógica Brasileira - Volume 11: Livro Família Paulista - Livro de Família - Volume 2º" - Esaú Correa de Almeida Moraes.